16 de dezembro de 2008

Desenho

Certa vez, tentei aprender a desenhar. Mesmo sabendo que desenhar é um dom, passei a tentar.
Segurava o lápis, ainda meio sem jeito, e nos primeiros traços, formava-se algo. Um rabisco. Um desenho abstrato.
Certamente não era minha intenção desenhar algo abstrato, mas sim desenhar algo que me desse algum sentido ao olhar.
Levei horas, dias, semanas olhando aqueles rabiscos e não entendia o que eram, o que significavam.
Resolvi então passar nanquim nos traços mais fortes, e nanquim vermelho nos traços mais suaves.
Formava-se finalmente algo compreensível: Rabiscos de cores diferentes...
Mas não me dei por satisfeito e fiquei a observar com calma o que havia naquele pedaço de papel sulfite.
Então, após olhar diversas vezes, e pensar no que passava pela minha mente quando segurei o lápis pela primeira vez para enfim desenhar, lembrei-me.
Pensava em algo que pudesse salvar o mundo do momento em que está. E enfim veio a resposta: N-A-D-A.
O preto então obteve significado: simbolizando famílias inteiras, povos inteiros de luto.
E o vermelho, ao contrário do que muitos pensariam, para mim não significava o sangue, mas sim, minha vida. Minha vida impotente diante disso tudo, e que um dia pagará os pecados de outros tantos...

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