2 de dezembro de 2008

Um dia qualquer

Hoje poderia ter sido um dia comum, igual a todos os outros.
Bem, no início até foi bem comum: fui dar uma banda com uns amigos, descontrair e ver eles beberem, afinal eu não bebo.
Por um momento senti aquele cheiro "doce" no ar, um cheiro que não é preciso nem fumar maconha pra saber que é ela quem está pegando fogo.
Barriga vazia, vontade demais e haxixe demais. Subia pro cérebro. Mais rápido do que qualquer outra coisa.
Eu já ria sozinho e começava a viajar escutando música no mp3. Foi nesse momento que sentei no chão (estava mal), escorei-me na parede e vi aquela mão descendo em câmera lenta com uma ponta fumegando.
Parecia um filme em primeira pessoa, um filme onde eu era o ator principal. Com certeza não era uma comédia. A música que tocava, que até esse dia era minha música preferida, me deixava ainda mais estasiado, calmo, e consequentemente eu via as coisas ainda mais em câmera lenta...
A fumaça saia da minha boca em forma de véu, devagar. Passei...
Percebia que já não estava muito bem, que já estava delirando. Percebi que precisava ir pra casa.
Levantei, me despedi, e tentei caminhar... consegui.
O caminho até minha casa era muito longo, longo demais pra ir sem surtar diversas vezes antes de sequer abrir a porta.
A música, que era minha preferida, já não me fazia bem. Ao contrário, me deixava louco!
Sentia que se eu não desligasse aquilo eu teria um ataque de nervos. E aquilo era só o começo.
A princípio pensei que iria morrer (poderia até ser viajem minha, mas depois de algumas quadras já se tornava verdade).
Comecei a delirar em lances que via na televisão, como outros caras que eram viciados, ou coisas do tipo.
Os pensamentos que já haviam passado por minha cabeça, já haviam voltado milhares de vezes.

(Nessa parte eu juro que eu poderia escrever um livro sobre cada coisa que passou pela minha cabeça)

Enfim cheguei em casa. A chave não entra na fechadura. Devia ser a a chave errada. Mas não era, pois após tentar todas as outras e fazer muito barulho em meio a madrugada, a porta abre com a primeira chave que tentei.
Tento dormir.
Não consigo.
Ao fechar os olhos sinto que se eu apagasse, não dormiria. Mas sim desmaiaria e não saberia se acordaria de novo. O motivo? Meu coração batia cada vez mais rápido.
Minha mãe dormia. E eu, fui até a cozinha, tentei comer alguma coisa para levantar a pressão. O sal já ia direto pra baixo da língua. Na verdade nem sei se estava com pressão baixa. Sei que não adiantou.
Tentei dormir.
Não conseguia ainda.
Sento na cama, deito, viro pro lado... e nada.
Decidi tomar um banho.
Saio do banho e ainda nada de dormir e meu coração parece que vai saltar pela boca!
Era incrível! Pensei no que poderia fazer...
Decidi pedir ajuda. Minha mãe era a única escolha.
Ao acordar ela, digo que estou passando mal...
Ela pergunta se eu bebi. Respondo que sim... mas logo confesso que não ao ver que cada vez ficava pior...
Ela me leva rua tomar um ar. E escorado na grade da porta, ao lado dela, sentia-me como num filme em que o filho decepciona profundamente sua mãe.
Senti que deveria falar.
Ela pergunta o que eu usei. E então respondo nada mais que a verdade:
- Fumei! Maconha! Muita maconha!

Não acreditei no que eu mesmo havia dito!

Se alguém tivesse filmado, daria uma bela cena triste de algum filme nacional.
Ela me leva pra cozinha, me dá algo pra comer, e então... MEU CORAÇÃO DISPARA COMO LOUCO! Tudo indica que cada movimento meu poderia ser fatal!
Minha mão ao ver a velocidade em que meu coração batia, fica desesperada.
Ela chama meu irmão mais velho. E ele, como sempre, se recusa a vir ajudar em algo.
Ele só decide vir, ao ouvir eu gritar no telefone, dizendo que ia morrer (só assim pra ele entender a gravidade da situação).
Depois que ele chegou (demorou um pouco) conversamos muito, e meu coração voltou a enlouquecer.
Foi aí que eu disse pra ele:
- Cara, eu vou morr...

(desmaiei)

Na parte que me lembro após isso, sei que vomitei, e só então comecei a melhorar.
Depois de muita conversa com meu irmão, decidi que não faria mais aquilo. Não queria aquilo pra mim...
E nem pra você.

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